Dona Maria da Conceição membro da Assembléia de Deus de vida simples, dedicada à fé e à rotina da igreja, se tornou tema de discussões acaloradas nas redes sociais. Foi exatamente isso que aconteceu quando vídeos seus começaram a circular pela internet.
Sim, Dona Maria membro ativa de um círculo de oração em sua comunidade evangélica. Em um de seus vídeos mais compartilhados, ela aparece barbuda “Isso aqui foi a obra que Deus fez em minha vida e jamais eu vou tirar. Só Deus é quem faz eu tirar!” diz.
A barba, espessa e grisalha, que cobre parte de seu rosto, virou símbolo de fé e também o estopim de julgamentos e chacotas. Mas ela vê nisso um sinal divino.
Natural de uma cidade pequena do interior do Nordeste, Maria da Conceição sempre foi conhecida pela sua devoção. Desde jovem, enfrentou olhares e cochichos por causa de um distúrbio hormonal que estimulava o crescimento de pelos faciais. Durante anos, tentou tratamentos, raspagens, consultas médicas e orações com o único objetivo de “se livrar daquilo”. No entanto, segundo ela mesma contou , tudo mudou depois de uma madrugada de oração.
“Eu estava cansada, cansada de esconder meu rosto, cansada de sofrer. Então falei com Deus: ‘Se for Tua vontade, me transforma. Se isso aqui é pra Teu nome ser glorificado, então eu aceito.’” E, a partir daquele dia, conta ela, deixou de raspar os pelos e passou a aceitá-los como parte da missão que Deus lhe entregou.
A decisão causou estranhamento, primeiro entre os vizinhos, depois entre membros da igreja. Alguns a apoiaram, dizendo que o mais importante era a fé, não a aparência. Outros, porém, passaram a criticá-la duramente.
“Dona Maria está ficando louca”, diziam alguns. “Isso é vaidade às avessas”, comentavam outros. Mas ela não se abalou e continuou a frequentar os cultos, orando com fervor, tocando os corações com seus testemunhos e, agora, com uma nova marca que se tornou, segundo ela, uma forma de glorificar a Deus.
Com o tempo, vídeos gravados por conhecidos começaram a circular nos grupos de WhatsApp da cidade. A repercussão foi instantânea. Muitos internautas se solidarizaram com a missionária, chamando-a de “exemplo de fé verdadeira”, “profeta do tempo moderno” e “guerreira de Deus”.
Outros, porém, debocharam, fizeram memes, usaram sua imagem sem consentimento e até distorceram suas palavras. “Podem rir, podem zombar. Mas o que Deus me deu, ninguém me tira”, disse ainda no vídeo.
Por trás da aparência incomum, está uma mulher de oração, que dedica dias e noites a interceder por vidas. Conhecida na sua congregação como “a irmã do manto”, Maria não busca fama nem visibilidade. Segundo ela, não tem redes sociais próprias e nem entende direito “esse negócio de internet”. Seus vídeos são gravados por irmãos da fé, geralmente após momentos de oração, e são compartilhados por terceiros.
“Eu não sou artista, não. Eu sou serva do Deus Altíssimo. E o que eu tenho, é pra Ele”, afirmou em uma gravação onde respondia às críticas sobre “se aproveitar da fama”.
Além do impacto visual, a barba de Maria passou a levantar debates teológicos e sociais. Pastores conservadores criticaram a “exibição”, dizendo que poderia causar escândalo, especialmente entre os mais jovens. Já outros líderes evangélicos, de linha mais inclusiva, enxergaram na atitude dela um exemplo radical de aceitação e de resistência às pressões sociais.