Evangélicos divididos sobre Flávio Bolsonaro após anúncio de Jair
Lideranças religiosas manifestam preferência por Tarcísio em pesquisa, enquanto base fiel mantém apoio à família Bolsonaro.
O anúncio de Jair Bolsonaro sobre a candidatura do filho Flávio Bolsonaro à Presidência em 2026 gerou divisão entre lideranças evangélicas, tradicionalmente aliadas da família. A declaração foi feita em entrevista à Jovem Pan na sexta-feira, 5 de dezembro de 2025, e encontrou resistência imediata em setores importantes do segmento religioso.
Pesquisa da Folha de S.Paulo, divulgada no mesmo dia, revela que o governador Tarcísio de Freitas atrai mais apoio entre evangélicos do que Flávio ou Michelle Bolsonaro. O levantamento indica um descompasso entre a preferência do ex-presidente e a vontade de parte significativa de sua base religiosa.
Críticas de lideranças
O pastor Silas Malafaia, uma das vozes mais influentes do evangelicalismo brasileiro, manifestou críticas públicas à decisão. Em matéria da CartaCapital no sábado, 6 de dezembro, ele questionou a escolha de Flávio, sinalizando que o movimento pode não ter apoio unânime.
Políticos evangélicos como Oseias de Madureira, Sóstenes Cavalcante e Nikolas Ferreira manifestaram apoio a Bolsonaro após seu diagnóstico de câncer de pele, demonstrando a solidez dos laços com importantes figuras religiosas.
Contexto histórico e apoio
A relação entre Bolsonaro e o eleitorado evangélico remonta à campanha de 2018, quando conquistou a confiança de líderes e fiéis que viram nele um defensor dos valores cristãos. Segundo análise do portal Bíblia na Prática, o apoio se manteve consistente.
Pesquisa do instituto Quaest revela que 59% dos evangélicos defenderiam a candidatura de Bolsonaro em 2026 mesmo após sua condenação pelo STF. Especialistas apontam que o apoio está ligado à agenda de valores conservadores.
Tensões familiares e políticas
Em declarações ao Correio Braziliense na terça-feira, 2 de dezembro, Flávio Bolsonaro comentou supostas brigas com Michelle Bolsonaro e afirmou que seu pai está em situação descrita como cativeiro, revelando fissuras que podem influenciar o apoio religioso.
A BBC analisa que a decisão de Jair Bolsonaro agrada e desagrada setores diferentes da direita. Enquanto o núcleo duro do bolsonarismo tende a apoiar a continuidade dinástica, setores mais amplos demonstram preferência por nomes como Tarcísio.
Panorama complexo
O apoio evangélico não é monolítico, como demonstra o caso de Ismael Lopes, evangélico e defensor do comunismo que discursou a favor da prisão de Bolsonaro durante vigília. Reportagem do O Globo em 23 de novembro destaca visões divergentes dentro das comunidades.
Especialistas apontam que a lealdade a Bolsonaro transcende questões jurídicas, mas essa base não se transfere automaticamente para outros membros da família. A preferência por Tarcísio entre algumas lideranças sugere espaço para alternativas conservadoras alinhadas com a agenda de valores.
Impacto eleitoral
A divisão no apoio evangélico tem implicações significativas para 2026. Com a base religiosa representando cerca de 30% do eleitorado, a capacidade de unificar esse segmento será crucial para qualquer candidato de direita.
A crítica aberta de Silas Malafaia e a preferência por Tarcísio indicam que Flávio Bolsonaro precisará trabalhar para conquistar setores importantes do evangelicalismo. O cenário familiar complexo, com tensões entre Flávio e Michelle, pode complicar a unificação do apoio.
A transferência de apoio não é automática e dependerá da capacidade de Flávio construir sua própria relação com as lideranças religiosas e demonstrar compromisso com a agenda de valores que conquistou o apoio a seu pai.
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