Produtoras gospel recebem recursos públicos sem licitação

Investigação aponta contratação direta de shows gospel por prefeituras, com indícios de cartelização no setor

Produtoras gospel recebem recursos públicos sem licitação

Prefeituras de todo o Brasil têm contratado produtoras gospel para shows religiosos sem licitação, utilizando a justificativa de notório saber artístico. Investigação do Metrópoles identificou indícios de possível cartelização no setor, com contratos que superam R$ 200 mil por apresentação.


As contratações diretas envolvem poucas empresas que controlam a agenda dos principais artistas gospel do país. O padrão se repete em municípios de diversas regiões, com valores similares para os mesmos nomes.


Mercado em alta


O segmento gospel movimenta valores significativos, com shows que atraem grandes públicos em eventos custeados por administrações municipais. Os contratos globais incluem cachê artístico, logística, transporte, hospedagem e estrutura de palco.


O mercado é dominado por um número reduzido de produtoras, o que facilita práticas comerciais que podem prejudicar a concorrência e inflacionar preços.


Modalidade questionada


As prefeituras utilizam dispensa de licitação com base no notório saber artístico, prevista em lei para casos específicos. A investigação identificou que as mesmas produtoras aparecem em contratos de diferentes municípios, muitas vezes em datas próximas.


Documentos públicos mostram que shows de artistas gospel de médio e grande porte custam entre R$ 180 mil e R$ 260 mil por apresentação. Desse total, o cachê do artista representa cerca de metade do valor.


Falta de transparência


A divulgação insuficiente dos contratos dificulta o acompanhamento pela sociedade. Muitas prefeituras não disponibilizam espontaneamente informações completas sobre valores e condições.


O acesso aos dados depende frequentemente de pedidos via Lei de Acesso à Informação, que nem sempre são respondidos de forma integral ou tempestiva.



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