A crise silenciosa que afeta motoristas de aplicativo ganhou um novo capítulo em 2025, com a Uber pagando até 30% menos aos profissionais enquanto registra lucros recordes. A situação tem impactado diretamente a vida de milhares de condutores que dependem da plataforma para sua renda.
A empresa alterou suas regras, resultando em remuneração reduzida, jornadas mais longas e custos crescentes sem reajuste adequado nas tarifas. Essa mudança contraria promessas anteriores de flexibilidade e renda extra feitas pela plataforma.
Estratégia da empresa
Um estudo da Columbia Business School revela que a estratégia da Uber baseia-se em algoritmos de preço antecipado, que ajustam valores conforme demanda, perfil do passageiro e aceitação do motorista. Enquanto até 2024 quase todas as viagens seguiam a lógica tradicional, hoje apenas 77% mantêm previsibilidade.
Em certas regiões, a empresa retém mais de 50% da tarifa, um aumento significativo em relação aos 32% registrados em 2022. Essa mudança representa uma considerável redução na parcela que fica com os motoristas.
Realidade brasileira
No Brasil, o impacto é direto: em capitais como São Paulo, motoristas trabalhando 60 horas semanais recebem entre R$ 3.700 e R$ 4.100 líquidos mensais. Em cidades médias, o valor por hora caiu para R$ 22 a R$ 30, podendo ser ainda menor em municípios menores.
Depoimentos indicam que muitos precisam dirigir mais para faturar menos, frequentemente sem cobrir seus próprios custos operacionais. A situação financeira tornou-se cada vez mais desafiadora para a categoria.
Em setembro de 2025, a Uber testou bônus de até 10% para motoristas "fiéis", mas simultaneamente reduziu tarifas em até 10% em algumas regiões, aprofundando o sentimento de desvalorização entre os profissionais.
Especialistas e influenciadores do setor afirmam que 2025 não trouxe melhorias, com expectativas frustradas e perspectivas negativas para o próximo ano. Enquanto isso, a empresa celebra valorização próxima a 300% na bolsa nos últimos três anos.
O cenário atual deixa motoristas questionando a sustentabilidade de permanecer na plataforma, enquanto enfrentam jornadas exaustivas para garantir sua subsistência.
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