Igrejas atacadas em Porto Sudão, sede do governo durante guerra civil
Ataques a igrejas cristãs em Porto Sudão refletem violência sectária em meio à guerra civil, com confirmação de organizações internacionais.
Duas igrejas cristãs foram alvo de vandalismo em Porto Sudão, no Sudão, na semana passada, em meio ao agravamento da guerra civil no país. Os ataques foram confirmados pela organização Christian Solidarity Worldwide (CSW) no dia 28 de novembro.
As igrejas atingidas são a Igreja Evangélica Presbiteriana e a Igreja Ortodoxa, duas das mais antigas da região. Ambas ficam localizadas em área central da cidade, que atualmente sedia o governo sudanês após a tomada da capital Cartum por grupos armados.
Detalhes dos ataques
Na Igreja Evangélica Presbiteriana, a fachada foi pichada com frases islâmicas em vermelho, incluindo a Shahada — “Não há outro Deus além de Alá, e Maomé é seu mensageiro”. Na Igreja Ortodoxa, situada a poucos metros, vândalos escreveram “Alá é eterno” na parede externa.
Uma câmera de segurança registrou parte da ação contra a Igreja Ortodoxa. As imagens mostram um carro parando em frente ao templo, um homem descendo com uma lata de tinta spray e caminhando diretamente até a parede para fazer a pichação.
Falta de ação das autoridades
Os ataques ocorreram durante o dia, em área movimentada do centro de Porto Sudão, próximo a uma delegacia de polícia e a prédios do governo. A CSW afirmou que “nenhuma ação foi tomada pelas autoridades locais, incluindo a polícia”.
Líderes da Igreja Presbiteriana decidiram não registrar queixa oficial para evitar tensões com grupos muçulmanos. Fiéis cobriram as pichações para que parecessem parte de uma intervenção artística.
Um membro da congregação disse à CSW que “isso é alarmante, e pode ser apenas o começo, e só Deus sabe o que virá a seguir se esse tipo de crime de ódio for tolerado”.
Contexto do conflito
Porto Sudão tornou-se o centro administrativo do governo sudanês após a capital, Cartum, ser tomada pela violência entre o Exército e as Forças de Apoio Rápido (RSF) desde abril de 2023. O conflito já deslocou mais de 12 milhões de pessoas.
Scot Bower, diretor-executivo da CSW, afirmou que a entidade está “alarmada que dois dos lugares de culto cristão mais antigos do Sudão tenham sido atacados” e pediu investigação e proteção para as comunidades cristãs.
A CSW alerta que minorias cristãs no norte do Sudão enfrentam discriminação histórica, agravada pela guerra e por políticas locais.
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