Motoristas acusam Uber de reter mais de 60% do valor das viagens

Condutores relatam que taxa de serviço da plataforma atingiu patamares abusivos em dezembro, enquanto tarifa dinâmica aumenta preços para usuários.

Motoristas acusam Uber de reter mais de 60% do valor das viagens

Motoristas parceiros da Uber em todo o Brasil denunciam que a plataforma reteve mais de 60% do valor total pago pelos passageiros nas corridas realizadas em dezembro de 2025. Os relatos ganharam força nas redes sociais e grupos de aplicativo, apontando para uma escalada na taxa de serviço cobrada pela empresa.


A situação levou a protestos organizados por motoristas em várias cidades do país nesta segunda-feira (15), com demandas por maior transparência e melhor remuneração. O movimento ocorre em um contexto de mudanças no modelo de precificação da Uber, que desde 2023 implementou a tarifa dinâmica de forma mais ampla.


Contexto histórico das tensões


A relação entre motoristas e plataformas de transporte por aplicativo vive momento de crescente tensão desde a implementação da tarifa dinâmica em 2023. O modelo substituiu o sistema de preços fixos por valores variáveis baseados na demanda, alterando a economia das corridas.


Análises de ganhos compartilhadas entre condutores mostram que a fatia retida pela Uber, denominada "taxa de serviço", alcançou patamares considerados abusivos. Em muitos casos documentados, essa retenção supera consistentemente os 50% do valor total pago pelo passageiro.


Falta de transparência


A Uber deixou de informar quanto efetivamente retém do valor pago pelos clientes em cada corrida individual, migrando para um sistema de porcentagem semanal consolidada. Motoristas relatam dificuldade em entender como são calculados os valores finais das corridas e qual a porcentagem exata que fica com a plataforma.


Em dezembro de 2025, relatos de retenções superiores a 60% tornaram-se frequentes em grupos de WhatsApp e fóruns de motoristas. Muitos condutores compartilharam prints de corridas onde a diferença entre valor pago pelo passageiro e valor recebido pelo motorista ultrapassava 60%.


Protestos e mobilização


A insatisfação culminou em protestos organizados em várias cidades brasileiras nesta segunda-feira (15). Motoristas realizaram paralisações e manifestações por melhorias na remuneração das corridas, demandando maior transparência nas taxas cobradas pelas plataformas.


As reivindicações incluem não apenas a revisão dos percentuais de retenção, mas também a implementação de mecanismos mais claros de precificação e repasse. A mobilização reflete um mal-estar acumulado desde a transição para o modelo de tarifa dinâmica.


Perspectivas regulatórias


A situação levanta questões sobre a necessidade de regulação mais específica para as relações entre plataformas digitais e trabalhadores parceiros. Especialistas em direito do trabalho apontam que a opacidade nos critérios de repasse pode configurar abusos em relações assimétricas de poder.


O caso da 99, onde documentos judiciais revelaram alegações de taxação abusiva, serve como precedente importante. Em audiência judicial, o motorista Gerson Ferreira afirmou sob compromisso de dizer a verdade que existem corridas em que a empresa fica com mais de 50% do valor total.


O cenário atual sugere que a tensão entre rentabilidade das plataformas e remuneração justa dos motoristas tende a se intensificar, potencialmente exigindo intervenção regulatória ou mudanças significativas no modelo de negócios.

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