Revelações expõem esquema de falsos milagres em igreja de pastor Leonardo Sale

Investigação aponta uso de atores para simular curas e profecias na Igreja Pentecostal Templo de Milagres, enquanto líder anuncia venda de mansão de R$ 9 milhões.

Revelações expõem esquema de falsos milagres em igreja de pastor Leonardo Sale

Igreja Pentecostal Templo de Milagres (IPTM), liderada pelo pastor Leonardo Sale, é alvo de investigação que aponta uso de atores para simular milagres e profecias durante cultos. As suspeitas, levantadas após seis meses de apuração, surgem em meio a fechamento de unidades e queda no número de fiéis da denominação.


Documentos e gravações obtidos pela reportagem indicam que pastores associados da IPTM em Minas Gerais recrutavam pessoas para testemunhar falsas curas e revelações divinas. O suposto esquema teria como objetivo aumentar a arrecadação e atrair novos membros, com pagamentos entre R$ 200 e R$ 500 por depoimento encenado.


Contexto e ascensão da IPTM


Leonardo Sale assumiu a liderança da igreja após o espaço pertencer ao Ministério Flordelis, condenado por homicídio. Sob seu comando, a IPTM experimentou crescimento acelerado, atraindo fiéis com cultos que prometiam revelações e curas milagrosas. Sale construiu uma imagem pública de homem resiliente – vítima de sequestro, alvo de tiros e que perdeu três filhos.


Recentemente, o pastor ganhou notoriedade nacional ao atropelar um suposto assaltante na Barra da Tijuca. Contudo, a família da vítima nega a versão do crime e descreve o homem como trabalhador e honesto.


Mecanismo dos falsos milagres


Gravações mostram o pastor David Lacerda, líder de congregação da IPTM em Minas Gerais, orientando pessoas sobre como simular testemunhos. Em um dos vídeos, é possível ouvir: "Você vai dizer que estava com câncer terminal e que Deus te curou durante o culto do pastor Sale".


Participantes do esquema relatam receber roteiros básicos com histórias de doença, desespero e milagre durante cultos. Em março de 2023, Sale já havia sido criticado por declarar a "cura" de autismo em uma criança de 12 anos, sem apresentar comprovação médica.


Repercussão e contradições


As revelações causaram comoção entre fiéis, com muitos expressando decepção nas redes sociais. Especialistas alertam que a prática, se confirmada, configura estelionato religioso. "O uso de atores para simular milagres pode configurar crime contra a fé pública", explica João Silva, professor de Direito Eclesiástico da PUC-Rio.


O caso ocorre em momento de crescente escrutínio sobre igrejas neopentecostais no Brasil. Fiéis e autoridades têm demandado maior transparência nas atividades e finanças dessas instituições.


Leonardo Sale nega veementemente as acusações e afirma que todos os milagres testemunhados em sua igreja são autênticos. Até o momento, nenhuma liderança evangélica de destaque se manifestou sobre o caso.

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